Nas primeiras décadas do século passado famílias de diversas etnias
vieram para o Brasil em busca de melhores condições de vida. Na
Lituânia, uma das três repúblicas Bálticas, não foi diferente. Descobrir
quantas e quais foram essas famílias e onde viviam é um dos objetivos
do historiador e jornalista lituano Egidijus Aleksandravcius.
Acompanhado do fotógrafo e cinegrafista Henrikas Gulbinas e do
presidente da Aliança Jovem dos Lituanos no Mundo, Kestas Pikunas, além
do tradutor, o brasileiro Audris Tatarunas, ele percorre diversas
cidades brasileiras fazendo esse levantamento e buscando as raízes da
imigração lituana no Brasil. Na semana passada eles estiveram em
Londrina, entrevistando os descendentes da região.
''Estamos procurando os vestígios dos lituanos que vieram a partir
da primeira imigração em 1926. O Egidijus fez vários trajetos em busca
desses lituanos 'perdidos', porque vários deles depois que chegaram com o
navio no Brasil se espalharam, conforme a necessidade e o interesse, na
plantação de café, na construção de estrada de ferro'', conta o
tradutor.
''O trabalho hoje é o Brasil, mas já fomos na América (Estados
Unidos), depois vamos para a Austrália. O Brasil é um dos países mais
esquecidos dos lituanos, porque as imigrações são muito antigas, da
década de 1920 e depois não houve mais imigrações. Na América o inglês,
como língua universal, facilitou mais o contato. Se nós não levantarmos
essa história nesse momento, ela pode se perder para o resto da vida'',
explica Aleksandravcius.
''O Brasil ainda é não muito lembrado na Lituânia. Eles querem
fortalecer essa ligação. Inclusive não existe embaixada no Brasil, quem
precisa de qualquer coisa tem que ir até Buenos Aires, na Argentina. Há
um consulado em Santana do Parnaíba, São Paulo, mas que não resolve
tudo'', justifica Tatarunas.
Neste primeiro momento o grupo irá fazer o trabalho de campo.
Depois será feito um documentário, mostrando tudo o que for levantado
aqui. Uma terceira etapa envolve a aproximação dos descendentes de
lituanos daqui das pessoas da terra natal, inclusive com convênios entre
universidades, possibilitando o intercâmbio entre os países.
Isso é de interesse principalmente dos jovens, por isso a
participação do presidente da Aliança Jovem. ''Queremos que essa ligação
se fortaleça entre os jovens lituanos, fortaleça o intercâmbio. Os
jovens têm outros interesses porque a Lituânia é bem pequena, essa
proximidade é importante'', destaca Pikunas.
A viagem de exploração se encerra no dia 21 de outubro. Já foram
visitadas a colônia lituana da capital de São Paulo, o Interior e agora o
Norte do Paraná. Depois eles seguem para o Rio Grande do Sul, Porto
Velho e Manaus. A expedição passa também por Recife e se encerra em São
Paulo. Toda a viagem é financiada por um doador particular da Lituânia,
segundo o historiador.
Nomes foram 'abrasileirados'
Luiz Carlos Muraska: avô Romualdas trabalhou como topógrafo
Uma das famílias que vieram para o Brasil foi a
de Romualdas Muraska. Na companhia da esposa Stace e dos filhos
Romualdas, quatro anos, e Ludwig, 11 meses, ele desembarcou em São Paulo
em 2 de abril de 1929. Aqui, os nomes foram ''abrasileirados'' para
Romualdo e Luiz.
Um de seus netos mora em Londrina, o engenheiro elétrico Luiz
Carlos Muraska. Com a ajuda da mãe Maria Iracema e do irmão Cláudio ele
contou um pouco da história da família para a FOLHA. ''Depois que meu
avô chegou ao Brasil foi trabalhar de topógrafo. Eles vieram para cá
quando a União Soviética invadiu a Lituânia e foram morar na divisa de
São Paulo com Paraná. A profissão de topógrafo ele aprendeu aqui. Lá ele
era delegado de polícia'', conta.
Com os filhos já adolescentes, em 1950, a família veio para
Londrina, fugindo da malária que fazia várias vítimas no interior de São
Paulo. ''Meu avô morreu disto. O tio Luiz acabou conhecendo um russo,
que era da Empresa Elétrica de Londrina, que estava fazendo usinas por
aqui. Ele trabalhou em Apucaraninha e se aposentou na Copel'', conta
Luiz Carlos. Romualdo, pai de Luiz Carlos, também trabalhou na parte
elétrica, depois de voltar de São Paulo, já casado, e foi chefe da
empresa em Apucaraninha.
Dona Iracema mostra uma caixa em madeira, presente feito por um dos
presidiários na época que o sogro ainda era delegado na Lituania e vai
desfiando as lembranças. ''A viagem durou 30 dias. Eles sofreram
bastante, mas minha sogra era uma mulher 'para frente'. Ela aprendeu
português sozinha e costurava para fora. Ela era muito disposta, nunca
reclamava de nada.''
No ano passado Cláudio voltou para conhecer a terra natal dos avós e
do pai. ''Eles têm uma imagem muito boa do Brasil. A Lituânia tem 3
milhões de habitantes e eles ficam impressionados com cidades como São
Paulo. Meu pai veio de Kaunas, uma cidade pequena mas bonita. Pensei em
uma cidade pós-guerra, mas pelo contrário. Tem alguns prédios que estão
sendo reformados, restaurados, mas tudo é muito arrumado e arborizado.
Foi uma emoção muito forte'', relata.
Ele ressalta que no Memorial do Imigrante (
www.memorialdoimigrante.org.br),
em São Paulo, é possível obter certidões de desembarque dos parentes no
Brasil, o que pode facilitar na hora de solicitar documentos de dupla
nacionalidade. (E.G.)
Érika Gonçalves
Reportagem Local
(notícia chegada através doamigo Cláudio Muraska)
Lietuvių palikuonys Brazilijoje žavisi senelių gimtine ir nesispardo grįžti (nuotraukos)
Istorijos profesorius Egidijus Aleksandravičius, lydimas fotografo
Henriko Gulbino, Pasaulio lietuvių jaunimo bendruomenės prezidento Kęsto
Pikūno bei vertėjo, Brazilijos piliečio Audrio Tatarūno, ryžosi leistis
kelionėn po didžiausią Pietų Amerikos valstybę, ieškodamas čia
gyvenančių lietuvių šeimų. Praėjusią savaitę į Londrinos regioną atvykęs
E.Aleksandravičius vietos žurnalistams pasakojo Londrinoje ieškantis
pirmosios lietuvių emigracijos Brazilijon bangos (1926 m.) metu čia
atvykusių tautiečių palikuonių...
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