9.5.10

Ary dos Santos

Poeta português, natural de Lisboa, nasceu em 1937 e faleceu em 1984. Saiu de casa aos 16 anos, exercendo várias actividades como meio de subsistência.
Revelando-se como poeta com a obra Asas (1953), publicou, em 1963, o livro Liturgia de Sangue, a que se seguiram Azul Existe, Tempo de Lenda das Amendoeiras e Adereços, Endereços (todos de 1965). Em 1969, colaborou na campanha da Comissão Democrática Eleitoral e, mais tarde, filiou-se no Partido Comunista Português, tendo tido uma intervenção politizada, mas muito pessoal.
Ficou sobretudo conhecido como autor de poemas para canções do Concurso da Canção da RTP. Os seus temas «Desfolhada» e «Tourada» saíram ambos vencedores. Em 1971, foi atribuído a «Meu Amor, Meu Amor», também da sua autoria, o grande prémio da Canção Discográfica. Declamador, gravou os discos «Ary Por Si Próprio» (1970), «Poesia Política» (1974), «Bandeira Comunista» (1977) e «Ary por Ary» (1979), entre outros. Publicou ainda os volumes Insofrimento In Sofrimento (1969), Fotos-Grafias (1971), Resumo (1973), As Portas que Abril Abriu (1975), O Sangue das Palavras (1979) e 20 Anos de Poesia (1983). Em 1994, foi editada Obra Poética, uma colectânea das suas obras.
Personalidade entusiasta e irreverente, muitos dos seus textos têm um forte tom satírico e até panfletário, anticonvencional, contribuindo decisivamente para a abertura de novas possibilidades para a música popular portuguesa. Deixou cerca de 600 textos destinados a canções. Em 2009, ao completarem-se 25 anos após a sua morte, as cantoras Mafalda Arnauth, Susana Félix, Viviane e Luanda Cozetti reúniram-se para homenagear José Carlos Ary dos Santos, sendo então editado o CD “Rua da Saudade”. Aqui fica uma das mais emblemáticas do poeta, “Canção de Madrugar” cantada por Susana Félix.


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Portugalų poetas iš Lisabonos, gimė 1937-siais, mirė 1984-siais. Išėjo iš namų 16-kos metų ir dirbo įvairius darbus pragyvenimui.

Atsiskleidė kaip poetas su darbu “Sparnai” (Asas, 1953), 1963-taisiai išleido knygą “Kraujo liturgija” (Liturgia de Sangue), po kurios sekė “Mėlyna yra” (Azul Existe), “Migdolų ir butaforijų legendos metas” (Tempo de Lenda das Amendoeiras e Adereços), “Adresai” (Endereços, 1965). 1969-taisiais prisidėjo prie Demokratinės rinkimų komisijos, o vėliau įstojo į Komunistų partiją, tai tapo politine, bet labai asmenine intervencija.

Tapo žinomas kaip eilių autorius RTP konkurso dainoms. Jo abu kūriniai – “Užmokestis” ir “Bulių kova” tapo nugalėtojais. 1971-taisiais jam buvo paskirtas Diskografijijos dainos apdovanojimas už kūrinį “Mano meile, mano meile” (Meu Amor, Meu Amor). Kaip skaitovas įrašė albumus “Ary pats už save” (Ary Por Si Próprio 1970), “Politinė poezija” (Poesia Política 1974), “Komunistų vėliava” (Bandeira Comunista 1977) ir “Ary dėl Ario”(Ary por Ary 1979). Taip pat išleido rinkinį “Nekantrumas kančioje” (Insofrimento In Sofrimento 1969), “Fotos-grafijos” (Fotos-Grafias 1971), “Santrauka” (Resumo 1973), “Durys, kurias atvėrė balandis” (As Portas que Abril Abriu 1975), “Žodžių kraujas” (O Sangue das Palavras 1979) ir “Dvidešimt poezijos metų” (20 Anos de Poesia 1983). 1994-taisiais išleido savo darbų kolekcijos knygą, pavadintą “Poetinis darbas” (Obra Poética).

Tai buvo entuziastiška ir nepagarbi asmenybė, dauguma jo tekstų turi stiprų satyrinį ir netgi griaunantį, nesilaikantį taisyklių, toną, taip žymiai prisidėdami prie naujų galimybių tradicinei portugališkai muzikai. Jis paliko apie 600 dainų tekstų. 2009 metais, žymint 25-tąsias jo mirties metines, dainininkės Mafalda Arnauth, Susana Félix, Viviane ir Luanda Cozetti susivienijo pagerbti José Carlos Ary dos Santos, išleisdamos diską “Ilgesio gatvė”. Čia lieka viena simboliškiausių “Saulėtekio daina”, atliekama Susanos Félix.


Vertė: Giedrė Liutkeviciūtė

1 comentário:

  1. "De linho te vesti
    de nardos te enfeitei
    amor que nunca vi
    mas sei.

    Sei dos teus olhos acesos na noite
    - sinais de bem despertar -
    sei dos teus braços abertos a todos
    que morrem devagar.

    Sei meu amor inventado que um dia
    teu corpo pode acender
    uma fogueira de sol e de fúria
    que nos verá nascer.

    Irei beber em ti
    o vinho que pisei
    o fel do que sofri
    e dei.

    Dei do meu corpo um chicote de força.
    Rasei meus olhos com água.
    Dei do meu sangue uma espada de raiva
    e uma lança de mágoa.

    Dei do meu sonho uma corda de insónias
    cravei meus braços com setas
    descobri rosas alarguei cidades
    e construí poetas.

    E nunca te encontrei
    na estrada do que fiz
    amor que nunca logrei
    mas quis.

    Sei meu amor inventado que um dia
    teu corpo há-de acender
    uma fogueira de sol e de fúria
    que nos verá nascer.

    Então:
    nem choros nem medos nem uivos
    nem gritos nem pedras nem facas
    nem fomes nem secas nem feras
    nem ferros nem farpas nem farsas
    nem forcas nem cardos nem dardos
    nem guerras


    José Carlos Ary dos Santos


    lindíssimo poema,
    excelente escolha...

    beijinho domingueiro

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